Entenda as armadilhas do pacote da reforma administrativa que foi protocolado na câmara
O presidente da Câmera dos Deputados, Hugo Mota, nesta quinta-feira (02/10), protocolou um novo pacote de medidas da Reforma Administrativa. A proposta é apresentada como um passo rumo à “modernização”, “transparência” e “eficiência” do serviço público, mas, ao analisarmos seu conteúdo, percebemos que o impacto real recai sobre a estabilidade, os direitos e a valorização das carreiras do funcionalismo.
Segundo análise, o relatório traz uma série de armadilhas escondidas em promessas aparentemente positivas, que na prática significam precarização das condições de trabalho, redução de direitos e fragilização do serviço público como um todo.
Onde estão as armadilhas?
1. “Modernização Digital” que vira vigilância e exclusão
A digitalização prometida pode excluir servidores sem formação tecnológica suficiente e, ao mesmo tempo, aumentar o controle sobre os trabalhadores, com exposição obrigatória de dados funcionais e remunerações.
2. “Gestão de Pessoas” que esconde precarização
Sob o discurso de valorização, o relatório prevê 20 níveis de progressão — o que mantém salários iniciais muito baixos. Além disso, institui avaliações de desempenho com critérios subjetivos, abre espaço para perseguições e limita o teletrabalho a apenas
20%.
3. “Flexibilização de vínculos” que enfraquece a estabilidade
O texto permite vínculos estatutários por prazo determinado (até 10% do quadro) e cria um banco nacional de temporários, o que institucionaliza a rotatividade e fragiliza a estabilidade como regra do serviço público.
4. “Controle de benefícios” que retira direitos
Prometida como padronização, essa medida prevê uma tabela única remuneratória em 10 anos, cortes em auxílios e adicionais, além de vedar retroativos de disputas judiciais — o que afeta diretamente o bolso e a segurança dos servidores.
5. “Credibilidade e equidade” que divide categorias
O relatório não enfrenta privilégios reais de setores como Judiciário e Ministério Público, mas pressiona as bases do serviço público. A narrativa de “combate a privilégios” serve, na verdade, para justificar a retirada de direitos das categorias mais vulneráveis.
O que está em jogo?
Na prática, a Reforma Administrativa:
- Enfraquece a estabilidade dos servidores;
- Precariza carreiras e vínculos de trabalho;
- Reduz direitos e benefícios conquistados historicamente;
- Aumenta o controle sobre o servidor, não sobre os gestores;
- Divide categorias e legitima cortes seletivos.
Mobilização é urgente
A tramitação da proposta já está em andamento na Câmara dos Deputados, e os servidores públicos de todo o país precisam se organizar para enfrentar esse ataque. O discurso de modernização esconde um projeto de desmonte, que pode comprometer não apenas a vida funcional dos trabalhadores, mas também a qualidade dos serviços prestados à população.
O SINDSEMPPE reforça a necessidade de ampliar a mobilização e a resistência contra mais esse ataque aos direitos dos servidores.